Vivemos em uma sociedade com desafios complexos, para os quais não bastam soluções pontuais e desintegradas. Na Sociedade Global, compreendemos que a complexidade é fruto da delicada interconexão de atores e fatores e que seus movimentos acabam modificando a forma de atuação de todo o sistema. Por isso, acreditamos que todos estão envolvidos nos problemas que enfrentamos na sociedade, logo, todos devem fazer parte do diálogo em busca de soluções criativas e efetivas. Assim, foi criada a Campanha Todos Fazem Parte, com o propósito de uma sociedade mais colaborativa e integrada em que os atores e pessoas atuam juntos na criação de ações coletivas para a cidade, contribuindo para uma sociedade justa, sustentável e pacífica que vive uma cultura de transformação para o bem-comum.

Dessa perspectiva, buscar soluções é sair da lógica do problema e passar a enxergar desafios a serem superados com confiança. A complexidade pede um conjunto de soluções integradas que se complementam com maior potencial de gerar um impacto sistêmico. Pensando nisso, a Campanha Todos Fazem Parte segue uma metodologia de impacto sistêmico com 10 etapas, que funcionam como ferramentas de articulação, mobilização e transformação social.  A Campanha teve início em maio de 2016 e tem previsão de fechar seu primeiro ciclo no fim deste ano. A ideia é articular atores para desenvolverem juntos estratégias de mudanças sistêmicas e estruturais de seus setores de acordo com as prioridades coletivas para a cidade e também para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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A primeira etapa, de Inteligência Colaborativa, foi realizada em maio, sendo uma primeira leitura de cenário de Curitiba com alguns atores dos ecossistemas de educação, democracia e impacto social. Em junho fizemos a Imersão na Realidade, realizando algumas intervenções e consultas na cidade perguntando para os cidadãos e atores sobre quais temas precisamos falar.

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Ao longo desse mês, também foram realizados os Diálogos Integrativos (presenciais e descentralizados) para conversar sobre os temas que foram levantados anteriormente. Foram realizados 13 diálogos com mais de 160 participantes, partindo do princípio do diálogo, que, diferente do debate, constrói um novo significado a partir da interação entre escuta e fala. Sem julgamentos, sai da competição e abre espaço para a colaboração. Outro princípio importante foi a empatia generativa, que dá o poder de ver através de outros olhos e de se conectar com a verdade de cada parte; é generativa porque gera o novo quando transcende a visão atual e traz uma compreensão que não existia antes. Dessa forma, conseguimos criar ambientes de escuta em que pudemos conversar sobre assuntos complexos de forma profunda e construtiva.

A partir dos desafios e áreas de oportunidade coletadas nos Diálogos, no início de agosto, promovemos o evento “Rumos para Curitiba” com o objetivo de gerar recomendações para cada uma das 10 mesas temáticas. Durante o evento organizado junto com parceiros, os diversos atores e cidadãos fizeram a análise sistêmica do diagnóstico pré-existente e cocriação de diretrizes para os temas. Estiveram presentes vários setores da sociedade, apreciando e valorizando a diversidade de perspectivas que contribuem com o todo ao passo que respeita a condição de equidade ao dar as mesmas condições de liberdade e oportunidade para todos em uma coexistência harmônica. Além disso, o formato do evento foi um convite a exercitar a autonomia dos indivíduos para coliderar e exercer sua contribuição autêntica ao mesmo tempo que reconhece a responsabilidade de cada um pelo resultado coletivo, com ética e comprometimento.

No total, foram geradas 104 diretrizes para direcionar a criação de soluções práticas. Desde setembro acontece a divulgação dessas diretrizes e deliberação virtual com o público através da plataforma online Delibera. Em paralelo, estão sendo realizados os Laboratórios de Inovação Social em parcerias e separados por tema com o objetivo de criar de um portfólio de soluções integradas para as oportunidades e ideias levantadas em cada tema trabalhado.

No início de novembro, será realizado um grande evento para apresentar esse portfólio à sociedade. Em seguida, irão acontecer eventos de alinhamento e internalização com os envolvidos acerca de acordos de responsabilidade compartilhada para a implementação das soluções testadas. Além disso, também serão promovidas as estratégias de mobilização e conscientização pública para disseminação das novas práticas e comportamentos, assim como ações de aceleração para tornar as soluções mais acessíveis a todos. Ainda, em dezembro haverá o Festival da Democracia, evento de integração e celebração com todos que fizeram parte da campanha em Curitiba.

Ao final desse processo, esperamos que todas as pessoas envolvidas possam se sentir parte de um ecossistema de transformação e colaboração. Assim, teremos gerado um impacto sistêmico, com soluções integradas e ressignificação de modelos mentais, padrões e estruturas, gerando resultados capazes de transformar indivíduos, suas relações e o sistema como um todo.

 É assim que estamos contribuindo para uma Curitiba mais integrada e colaborativa, onde todos fazem parte dos desafios e das soluções, e trabalham juntos para o bem comum! Participe, venha fazer parte você também!

 

Artigo escrito por Andressa Mendes, mobilizadora da Sociedade Global.