O empreendedorismo sustentável pode ser compreendido de duas formas: seu propósito e seus meios. Ambos necessários para a boa execução do empreendimento como um todo.
Primeiramente vamos analisar o empreendedorismo sustentável como propósito, como todos os adjetivos que complementam conceitos tradicionais, nos servem para reorientar a abordagem e finalidade de determinado campo, assim quando o desenvolvimento em desenvolvimento humano ou sustentável, o empreendedorismo em empreendedorismo social ou sustentável, assim por diante, antes de mais nada inclue a atividade empreendedora com a finalidade de contribuição com a sustentabilidade.
Nesse sentido compreende-se a visão mais comum de equilíbrio entre as dimensões, a princípio, econômica, social e ambiental, na busca pela mitigação dos impactos negativos e na maximização dos impactos positivos. Uma visão mais avançada incluiria que o empreendedorismo sustentável já deva gerar produtos e serviços que em si são inovações sociais, ambientais, culturais, políticas, entre outras, representando um alinhamento estratégico da natureza do negócio em sim, sendo concebido como sustentável desde sua criação.
Na visão do desenvolvimento sustentável, seremos sustentável quando não precisarmos mais utilizar o adjetivo, nesse sentido, no futuro a tendência é que grande parte dos negócios se tornem sociais por si só, sendo, o empreendedorismo, sustentável em sua essência também.
O principal para essa visão é aliar os talentos e aptidões do empreendedor com a solução de questões da sociedade pela ótica do mercado, esse modelo se aproxima dos conceitos de empreendedorismo social e negócios sociais, para tanto é importante compreender o diagnóstico local, a situação da população, os índices de desenvolvimento e as prioridades de políticas públicas. Na interseção entre mazelas, privações e vulnerabilidades, e as inovações mercadológicas, residem as grandes oportunidades de empreendedorismo sustentável. Caso seja um empreendimento com estágio de maturidade intermediária, traçar um plano de mudança da cultura e estratégia organizacional para realinhar desde o plano de negócios, planejamento estratégicos e planos de ação no caminho da responsabilidade social e da sustentabilidade, uma boa base para isso é a leitura do Passo a Passo da Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas do Instituto Ethos e Sebrae.
Agora, outra questão, pouco enfatizado na trajetória do empreendedorismo sustentável, é justamente o ser sustentável como pessoa e empresa enquanto empreende. O primeiro grande desafio do empreendedor, para sustentar-se, é conseguir garantir sua sobrevivência e equilíbrio, principalmente em termos de tempo e recursos. Para uma vida saudável enquanto empreende, a disciplina de autogerenciamento, gestão do tempo e viabilização financeira são essenciais para criar as bases necessárias para a continuidade do empreendimento. Depois disso a sustentação das relações em família, meio social e afetivos devem estar em conssonância ao negócio em si, junto com isso o cuidado consigo mesmo e a manutenção de sua auto-estima. Se o indivíduo empreendedor não se manter equilibrado e positivo, consequentemente, seu empreendimento refletirá a sua própria condição.
Um desafio muito grande, para àqueles que adotam o propósito social ou sustentável como estilo de vida e empreendimento, é conseguir a integridade e coerência necessária. Sendo assim, toda a sua visão de mundo e de negócios, deve necessariamente passar pela revisão de seus valores, crenças, atitudes e comportamentos, como indivíduo e como empresário. É muito fácil descuidar de uma conduta correta e ética quando se esta na busca de oportunidades ou nos desafios de soluções para viabilizar seu empreendimento, tenha a mente sempre atenta para a coesão interna e externa de suas ações, o ser sustentável é antes de mais nada o nosso posicionamento e atuação nos ecossistemas da vida.
Por fim, nessa visão, sustentável é tratar a resiliência e perenidade indissociadas tanto do empreendedor, como do empreendimento. Em resiliência atentamos na capacidade do empreendedor e do empreendimento de se levantar e se manter forte perante as adversidades, as quais, no processo empreendedor, serão uma constante. E a perenidade é garantir a sustentação do empreendimento no longo prazo, como algo durável, porém permanentemente melhorado, para se atingir o passo fundamental do sucesso que é a escalabilidade e multiplicação da solução proposta pelo empreendedor.
Tornar o seu empreendimento sustentável e ser sustentável enquanto empreende são grandes desafios que se bem planejados desde a concepção da ideia, até seus primeiros protótipos, assim como o cuidado do indivíduo que empreende, serão sem dúvidas, elementos que contribuirão, tanto para a inovação do negócio, como o sucesso do empreendedor.
A visão de sustentabilidade deverá ser transversal e permanente em todas as atividades de desenvolvimento da empresa e do empreendedor, de maneira intencional, planejada e comprometida. Tenho certeza que com esses cuidados, o empreendedorismo será cada vez mais prazeroso e benéfico, garantindo a realização e satisfação de quem empreende, e a credibilidade e legitimidade do empreendimento.
Por Diego Baptista
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Texto especialmente elaborado para coluna do site Maternarum – Empreendedorismo Materno, projeto desenvolvido por uma das ex-alunas da 1º Edição do Programa Jovens Profissionais do Desenvolvimento.
O Diego Baptista é Empreendedor social, fundador da organização Sociedade Global e sócio Diretor da NOZ – Desenvolvimento e Cocriação em Sustentabilidade. Possui graduação em Relações Internacionais pela UNICURITIBA, especialização em Estratégia e Sustentabilidade Empresarial pela UINFAE e mestrado em Gestão do Desenvolvimento pelo Centro de Formação Internacional da OIT. Foi professor de Relações Internacionais na Unibrasil e Grupo Uninter. Participante da Rede Internacional da Carta da Terra e do Movimento Nós Podemos Paraná pelos ODMs, atuou na coordenação do Comitê Paranaense da RIO+20 pelo Fórum Permanente da Agenda 21 no Paraná. Ministra palestras e workshops em temas relacionados à juventude, educação, trabalho, liderança, empreendedorismo, sustentabilidade e terceiro setor.