Você pode estar se perguntando o que esperar de um programa que promete uma “Aprendizagem Transformadora” como principal processo. Você pode ter ouvido de alguns participantes que a Teoria U e a Teoria Integral fazem parte do Programa Jovens Profissionais do Desenvolvimento, assim como as práticas da Pedagogia do Círculo e as vivências de Comunicação Não-Violenta. Em breve vamos trazer as bases dessas metodologias e ferramentas que fundamentam as experiências transformadoras. Para começar, achamos que seria útil ilustrar como isso tudo acontece contando sobre uma das experiências no último JPD.
Uma das vivências mais transformadoras segundo os participantes é a imersão que fazemos exatamente no meio do processo, um lugar que chamamos de “fundo do U” e que na Teoria U é o momento de maior profundidade e serve para que os indivíduos e o grupo em si se conectem profundamente com a Presença, o momento presente que revela e acessa o mais elevado potencial de cada um.
Nesse momento cada um já havia passado por uma reflexão sobre seus padrões, modelos mentais e sobre paradigmas que vivemos, se conectado com desafios que gostariam de solucionar e formado grupos de projeto. Cada grupo já estava experimentando fortemente o trabalho colaborativo, a convivência e a gestão e também tinham entrado em contato com seus públicos com métodos empáticos de entrevista, por exemplo.
Todos sabemos que trabalhos em equipe podem ser um tema complexo dentro de empresas, projetos sociais ou acadêmicos. E foi para fortalecer as relações interpessoais, que os participantes foram levados para esse final de semana de imersão no Sítio Pedacinho do Céu em Colombo-PR. Um parada estratégica no meio do processo de Design de projetos, para dar aquela respirada e se conectar com a intenção daquilo que estava sendo construído.
O retiro se iniciou com a prática da psicomotricidade relacional, com a psicóloga Aline Almeida. A psicomotricidade tem por objetivo trazer de volta o corpo, muitas vezes deixado de lado em virtude da frenética rotina contemporânea, como veículo das relações interpessoais e das emoções. Ao final da vivência os participantes emocionados, outros sorridentes, perceberam que tinham se libertado de qualquer julgamento, sentindo-se livres para interagir com qualquer um da equipe, sem mesmo o ter contatado verbalmente. Essa atividade, além de trabalhar as emoções, conectou do grupo de maneira crucial para o restante dos meses em que trabalharam juntos e é lembrado com carinho pelos participantes até hoje.
“A gente conversou, mas sem palavras. Foi uma conexão que a gente não teria conseguido alcançar se tivéssemos a feito através do diálogo, fomos convidados a sentir, apenas. Ao mesmo tempo que estávamos muito conectados com nós mesmos, foi importante nos conectar com os outros. “- Carolina Tarasuk
Mergulhando no processo interpessoal, uma série de atividades deram sequência ao encontro provocando reflexão e transformação imediatamente percebidas. Uma delas foi a aplicação da Comunicação Não Violenta (CNV), uma abordagem desenvolvida pelo psicólogo americano Marshall Rosemberg, que promove uma conexão maior entre as pessoas, permitindo a compaixão emergir tanto nos conflitos diários como nas situações mais críticas, através da transformação de debates e discussões em diálogos empáticos, conversas harmoniosas e ao mesmo tempo assertivas. A facilitadora foi Débora Rocha, praticante da CNV e mobilizadora na Sociedade Global. Após aprender a identificar as necessidades e sentimentos de si mesmo, o grande grupo se ajudou na solução de situações de conflito que cada um trouxe.
A noite seguiu com fogueira, conversa e música, um momento especial para deixar ir os padrões do velho eu e deixar vir o novo Eu. Na manhã seguinte, momentos de contemplação, presença e diálogo interno, conduzidos pela psicóloga especializada em logoterapia, Priscilla Voigt e o mentor Steffen Münzner. Com as mãos no barro, os jovens moldaram seu propósito com argila e depois descontruíram a obra ao identificar as transformações necessárias em si mesmos.
Ao final do processo, prontos para seguir com os desafios em time, os participantes relataram que pareciam ter vivido “uma vida toda” juntos nesse período de dois dias.
“Vou levar [o retiro] para a minha vida toda, ele estará presente em minha linha do tempo. Tive alguns ‘insights’ que me fizeram mudar algumas chaves na minha cabeça e vão me fazer agir de uma outra forma e ser mais compreensível comigo mesmo.” – Daniel Rocha.